sexta-feira, 17 de abril de 2009

Frémito do meu corpo ...

Frémito do meu corpo a procurar-te,
Febre das minhas mãos na tua pele
Que cheira a âmbar, a baunilha e a mel,
Doido anseio dos meus braços a abraçar-te,
Olhos buscando os teus por toda a parte,
Sede de beijos, amargor de fel,
Estonteante fome, áspera e cruel,
Que nada existe que a mitigue e a farte!
E vejo-te tão longe! Sinto a tua alma
Junto da minha, uma lagoa calma,
A dizer-me, a cantar que me não amas...

E o meu coração que tu não sentes,
Vai boiando ao acaso das correntes,
Esquife negro sobre um mar de chamas...
Florbela Espanca

2 comentários:

  1. A sua escrita transmite-me sempre prazer!
    Bom fim-de-semana!
    Beijos prometidos

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  2. «...E o meu coração que tu não sentes...»
    Lindo...Florbela Espanca descreve-nos a dor depois do sonho como ninguém...
    Beijinhos, adorei
    Liliana

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